O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou recentemente que os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, não podem ser considerados uma tentativa de golpe de Estado. Em entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa, Motta declarou: “Foi uma agressão às instituições inimaginável. Agora, querer dizer que foi um golpe…”.
Essas declarações geraram forte reação de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) e de outros partidos governistas.
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), rebateu a fala de Motta, afirmando: “Após meses de investigações, posso atestar que os atos de 8 de janeiro de 2023 foram uma tentativa de golpe de Estado.”
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), também criticou a posição de Motta, destacando que as investigações revelaram a existência de um plano coordenado para tomar o poder. Ele afirmou que a depredação dos prédios públicos fez parte de uma estratégia golpista.
Além disso, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) classificou a declaração de Motta como “um verdadeiro absurdo”, enfatizando que negar a tentativa de golpe é desconsiderar as evidências obtidas nas investigações conduzidas pela CPMI e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As declarações de Hugo Motta ocorrem em meio a debates sobre a possibilidade de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O presidente da Câmara sugeriu que o tema poderia ser analisado pelo Legislativo, o que gerou preocupação entre parlamentares governistas, que veem a proposta como uma afronta aos poderes constitucionais.
A controvérsia destaca as divergências no Congresso Nacional sobre a interpretação dos eventos de 8 de janeiro e as medidas a serem adotadas em relação aos responsáveis pelos ataques às instituições democráticas.

