Ao celebrar os 80 anos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba), o presidente da entidade, Moacyr Neves, destacou a importância histórica da instituição e alertou para os desafios que a categoria enfrenta diante da crescente precarização das relações de trabalho. Para ele, alcançar essa longevidade é, por si só, uma vitória. “Chegar aos 80 anos uma organização de trabalhadores já é uma grande notícia. É sinal de que a instituição deu certo”, afirmou.
Moacyr lembrou que o Sinjorba obteve sua Carta Sindical em 17 de abril de 1950, e mesmo com a interrupção durante a ditadura militar, quando interventores foram nomeados, a entidade conseguiu se reerguer. “Nos transformamos numa das entidades sindicais de jornalistas mais importantes do país. Somos hoje a quarta maior da base da Federação Nacional dos Jornalistas em número de filiados adimplentes. Isso é reflexo do reconhecimento ao nosso esforço de reestruturação e mobilização”, disse.
Apesar da comemoração, o presidente alertou para o cenário atual do jornalismo brasileiro, marcado pela pejotização e perda de direitos trabalhistas. “Vivemos uma tragédia no mercado de trabalho. Só no ano passado, 34.600 jornalistas se registraram como microempreendedores individuais. Isso mostra que a pejotização avança no nosso setor, e isso é grave. Esses trabalhadores ficam sem proteção previdenciária, e no futuro podem se ver desamparados”, ressaltou.
Segundo ele, o impacto desse modelo de contratação vai além da categoria. “É um problema social e econômico. O Estado lá na frente terá que cuidar de uma população envelhecida que não contribuiu para a previdência porque foi empurrada para relações informais e precarizadas”, afirmou. Para combater esse cenário, o sindicato tem buscado diálogo com instâncias do poder público. “Estivemos no Ministério do Trabalho, da Previdência, no Congresso e até no Supremo Tribunal Federal levando essa pauta. A desregulamentação da nossa profissão está em curso e precisamos reagir”, alertou.
Moacyr reforçou que a saída está na união e no fortalecimento do coletivo. “Durante muito tempo houve um discurso contra a organização sindical, exaltando o individualismo. Mas a realidade mostra que sem organização coletiva não há conquista duradoura. Sozinho, você só ganha até a segunda página. Daí em diante, o outro lado é mais forte. Só com união é possível virar o jogo”, concluiu.

