Durante cerimônia em homenagem aos 40 anos do falecimento de Tancredo Neves, realizada em São João del-Rei (MG), na segunda-feira (21), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que sua gestão à frente da Câmara de Deputados pretende concentrar esforços em agendas que, segundo ele, representam avanços reais para o Brasil, como saúde, educação e segurança pública. Ao comentar sobre a proposta de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023, Motta adotou um tom cauteloso, destacando que o tema continuará sendo discutido, mas sem tirar o foco das prioridades legislativas.
“É nessa agenda que nós temos que focar. E gastarmos energia com aquilo que realmente vem a representar para o País avanços em muitos problemas que nós temos na saúde, na educação e na segurança pública”, afirmou Motta. “E peço que o Parlamento foque na agenda, que é o que realmente a população pede de nós neste momento”, completou.
Apesar disso, Hugo Motta reconheceu a pressão crescente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que exigem a votação da anistia. O tema é alvo de manifestações desde o início do ano, com mobilizações organizadas na orla de Copacabana, em março, e na Avenida Paulista, em abril. A segunda contou com a presença de aproximadamente 44,9 mil pessoas, segundo dados do Monitor do Debate Público no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP).
Em resposta à pressão, o Partido Liberal (PL) protocolou no dia 14 de abril um requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de lei que trata da anistia. A proposta reuniu 262 assinaturas válidas, superando o mínimo exigido de 257. Se aprovado o regime de urgência, o projeto pode ser levado diretamente ao plenário, sem necessidade de tramitação nas comissões temáticas.
Mesmo com o avanço técnico da matéria, Motta reforçou que o tema divide a Câmara e que sua gestão busca “serenidade e equilíbrio”. Ele frisou que está mantendo diálogo com líderes partidários, senadores e outras instituições sobre a proposta, mas indicou que sua prioridade é fortalecer a atuação legislativa em áreas que impactam diretamente a vida da população. Desde o início de sua presidência, o ritmo de votações da Casa caiu cerca de 48% em relação ao mesmo período sob a gestão anterior de Arthur Lira (PP-AL), revelando os desafios enfrentados pelo novo comando em um ambiente político ainda fortemente polarizado.

