Começa nesta quarta (10), às 19h, no Sebrae Asa Norte, em Brasília (DF), o 40º Congresso Nacional dos Jornalistas, o maior fórum democrático da categoria no país. Realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), o encontro segue até sábado (13) e reunirá cerca de 250 jornalistas, estudantes, pesquisadores e especialistas para discutir o futuro da profissão diante dos impactos da inteligência artificial (IA), da precarização do trabalho e da necessidade de novos marcos regulatórios para o setor.
Com mais de oito décadas de história, o Congresso reafirma seu papel como espaço estratégico de formulação política da categoria. O tema desta edição — Os Desafios do Jornalismo: de Gutenberg à Inteligência Artificial — evidencia o momento de profundas transformações tecnológicas e informacionais que atravessam a atividade jornalística.
A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, destaca que o encontro representa “o momento em que a categoria reafirma seu compromisso com um jornalismo ético, plural e democrático”. Ela ressalta que o debate sobre tecnologia precisa estar orientado pela missão social da profissão: “É necessário debater a tecnologia sem abrir mão da nossa responsabilidade com o interesse público”, diz ela.
IA, regulação e precarização: o centro do debate
Neste ano, a inteligência artificial ocupa o foco dos principais painéis e da conferência magna. As discussões abordarão os efeitos da automação sobre rotinas nas redações, autorregulação algorítmica, segurança informacional e proteção dos direitos dos jornalistas.
Entre os convidados, está a deputada federal Luiziane Lins (PT-CE), integrante do grupo de trabalho que discute regulação da IA no Congresso Nacional, do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL 2630, que tratou da regulação de plataformas, além do secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brandt, reforçando a conexão do debate sindical com o campo legislativo e executivo.
Além da tecnologia, o Congresso também debaterá:
- Crescimento da pejotização no mercado de trabalho
- Redução de equipes e acúmulo de funções
- Desigualdades regionais no emprego jornalístico
- Impactos da automação na remuneração e nas condições de trabalho
A Fenaj defende que a inovação tecnológica não pode servir de justificativa para precarizar ainda mais a categoria e garantir resultado financeiro aos contratantes dos serviços jornalísticos.
Sustentabilidade do jornalismo e defesa da democracia.
Outro eixo importante do evento trata de sustentabilidade econômica e regulação das plataformas digitais. O debate inclui propostas como taxação de big techs, fundos públicos de incentivo ao Jornalismo Profissional e novas políticas para assegurar a pluralidade informativa no país.
A defesa do jornalismo como pilar democrático também atravessa toda a programação, com especial atenção ao combate à desinformação, à violência contra comunicadores e aos ataques à liberdade de imprensa.
Samira reforça que a qualificação dos profissionais é decisiva nesse cenário: “A formação permanente é essencial para proteger o interesse público frente às novas ferramentas de manipulação automatizada”.
Decisões para o futuro
As resoluções aprovadas no Congresso irão orientar a estratégia nacional da Fenaj e dos sindicatos filiados, especialmente na campanha salarial unificada de 2026 e na construção de parâmetros para o uso de IA nas redações.
Além dos painéis e plenárias deliberativas, o evento contará com diálogos com universidades sobre ensino de tecnologias emergentes no jornalismo.
📌 SERVIÇO
O quê: 40º Congresso Nacional dos Jornalistas
Quando: 10 a 13 de dezembro de 2025 — Abertura às 19h
Onde: Sebrae Asa Norte — Brasília (DF)
Realização: Fenaj & SJPDF
Patrocínio: Caixa, Cofen, Banco do Nordeste (BNB) e CNI
Apoio: FIJ, Fenae, Adunb, Fenafisco, Sintaf-CE, Sindicato dos Bancários-DF e Andes-SN.
